No meio da tempestade ecossocial, o papel dos sindicatos para o ecossocialismo!

A crise ecossocial tem e terá um impacto directo e profundo nas condições de trabalho e de vida da classe trabalhadora. Estamos numa encruzilhada ecossocial: as mudanças não são uma opção mas um facto, e agora temos o desafio de disputar a direcção destas mudanças: uma direcção liderada pelo capitalismo verde ou ecofascismo que saqueará, empobrecerá e abandonará a classe trabalhadora e os territórios; ou uma direcção representada por uma alternativa ecossocialista que será construída a partir de e para o povo trabalhador e os territórios.

Os sindicatos trabalham de mãos dadas com a classe trabalhadora em lutas concretas do dia-a-dia. Estas lutas, para além de mudarem as condições de trabalho e de vida da classe trabalhadora, também mudam a ideologia, a autoconsciência e o empoderamento do próprio povo trabalhador. Isto coloca-nos perante o compromisso de confrontar o discurso hegemónico do capitalismo verde e o da pedagogia e da luta ideológica em favor de uma alternativa ecossocialista. Mas, ao mesmo tempo, coloca-nos numa posição com grandes potencialidades.

Isto não será um desafio sem contradições. Enfrentar a crise ecossocial exigirá um decrescimento e uma profunda transformação em muitos sectores produtivos, uma transformação radical da matriz produtiva e reprodutiva das nossas sociedades e do sistema global. Historicamente, os sindicatos (principalmente no Norte Global) têm associado a nossa luta às exigências do mundo do emprego que por sua vez está ligado a um sistema de bem-estar que depende do sistema produtivo e reprodutivo hegemónico do capitalismo. Sistema esse que é ecologicamente insustentável e que se baseia na exploração e saque colonial de corpos e territórios afectados por diferentes tipos de violência. Um sistema que queremos mudar. Isto levará à destruição de milhares de empregos (paradoxalmente, e especialmente em sectores sindicalizados), pelo que teremos de enfrentar a contradição entre a defesa dos interesses da classe trabalhadora e a condição de vida material (interesses imediatos) e a promoção da transformação ecologicamente necessária, criando desinteresse pelo sistema actual (interesses estratégicos). A transição energética, a transição dos transportes, do solo, da agricultura, da silvicultura, da construção, tudo isto exigirá a criação de uma enorme quantidade de empregos e de investimentos públicos, que precisam de ser planeados como um projecto social e político pela e para a classe trabalhadora. É provável que tenhamos de repensar as nossas reivindicações históricas. Como podemos enfrentar esta contradição? Como vamos enfrentar este desafio?

Além disso, por falar em transformar a matriz produtiva e reprodutiva, devemos pensar em articular as lutas para além da esfera do emprego? Como dar valor às obras, actividades e empregos que são essenciais para a manutenção da vida e que agora são subvalorizados? De que tipo de alianças precisamos para o fazer?


Respondendo: Como?


Organizada por: Global Climate Jobs, LAB Sindikatua, ESK Sindikatua and STEILAS

Esta sessão vai ter a participação de: Iñigo Antepara, Endika Pérez, Iratxe Delgado, Jonathan Neale, Leonor Canadas